Festival Concertos na Serra reúne oito recitais transmitidos online de igreja histórica em Jundiaí
Natureza, história, preservação ambiental, música e artes cênicas. O 1. Festival Concertos na Serra apresenta uma série de recitais de música clássica realizada em clima intimista no interior do espaço centenário da Igreja Santa Clara, construção de 1917 tombada pelo Patrimônio Histórico e que integra o recém-criado Espaço Japi – Cultura e Meio Ambiente, no coração da na Serra do Japi, em Jundiaí, área de proteção ambiental.
Este será o cenário de oito apresentações musicais pensadas especialmente para o espaço, que acontecerão em duas semanas, de 11 a 14 e março e de 18 a 21 de março, de quinta a sábado, 20h e domingo, 17h. De graça. Transmissão online e gratuita via Youtube pelo link abaixo.
A ideia de criar no local um espaço cultural, por iniciativa dos atores e diretores teatrais Carla Candiotto e Rodrigo Matheus, vem ao encontro da trajetória de 50 anos da Escola de Música de Jundiaí, representada pela maestrina Claudia Feres, curadora e diretora artística do festival, que assina ainda a direção geral e a concepção. A direção cênica do festival é de Carla Candiotto e a gestão do projeto é do músico e cantor Fábio Vianna Peres, que integra a programação. Completam a equipe de criativos Marco Lima na direção de arte e Wagner Freire na iluminação.
“Os gestores do Espaço Japi – Cultura e Meio Ambiente, Carla Candiotto e Rodrigo Matheus, me convidaram para idealizar projetos musicais para o espaço. Comecei a elaborar alguns quando surgiu o Proac Expresso LAB, permitindo que realizássemos o 1º Festival Concertos na Serra em parceria com EMJ”, conta Cláudia. Para dar corpo ao projeto musical, a curadora e diretora artística incluiu na ficha técnica direção cênica, iluminação e direção de arte, respectivamente, Carla Candiotto, Wagner Freire e Marco Lima. “Acredito que estes profissionais irão trazer um olhar para a cena de música de concerto muito diferente do que estamos acostumados. Geralmente temos esses profissionais em óperas, mas não em concertos camerísticos”, comenta Claudia.
Cada um dos oito artistas ou grupos convidados ocupará a igreja realizando um recital com 50 minutos de duração, transmitido pelo canal do festival no Youtube. A programação foi escolhida cuidadosamente pela maestrina Claudia Feres. O Festival Concertos na Serra é uma iniciativa de pessoas que dedicam suas vidas intensamente às artes e convidam o público a mergulhar, a partir de suas casas, nesse ambiente cheio de história, sons e natureza em que vai se transformar a Igreja de Santa Clara nessas duas semanas.
Programação camerística
A programação abre com a música antiga da Capela Ultramarina, de Fábio Vianna (dia 11 de março), com suas influências portuguesas, com voz e vihuela. Destaque para a participação do ator Roney Facchini na leitura de sonetos e outros versos de Camões entre uma e outra canção interpretada por Fábio. O duo de flauta e violoncelo Bico de Pena, do casal Angelique Camargo e Renato Camargo (12 de março), apresenta obras de autoria do próprio Renato. A viola de orquestra se encontra com a viola caipira na apresentação de Gabriel Marin, violista da Orquestra Sinfônica da USP, e do violeiro Neymar Dias. (dia 13 de março). Para encerrar a primeira semana tem o concerto solo de Heloisa Meirelles (dia 14 de março), violoncelista da OSESP, que foi aluna da EMJ quando criança.
A segunda semana do Concertos na Serra será aberta pelo Trio Madera, de cordas, com Mayra Pezzuti, violino; Renato Bandel, viola, e Denise Ferrari, violoncelo, interpretando repertório com música do período clássico. Renato Bandel foi coordenador pedagógico do Festival de Inverno de Campos do Jordão é o chefe do naipe de cordas da Orquestra Municipal de Jundiaí, da qual também fazem parte Mayra e Denise ((dia 18 de março). Representante do barroco está o reverenciado Duo Lanfranchi-Santoro, com a flauta de Livia Lanfranchi e o cravo de Alessandro Santoro (dia 19 de março). O duo Dellarole & Campbell, com o violinista da Orquestra Sinfônica da USP, Pedro Dellarole, e a harpista do Teatro Municipal de São Paulo, a escocesa Jeniffer Campbell toca dia 20 de março. E para fechar o festival, abraçando a Serra do Japi, está a música de raiz do violeiro João Paulo Amaral (dia 21 de março).
Curadoria e direção artística
Sobre a curadoria e seu critério de seleção, a maestrina Claudia Feres conta que em primeiro lugar pensou em reunir músicos apaixonados pelo que fazem. “Precisava ser uma programação camerística e intimista pela própria arquitetura do espaço, sem descaracterizar a igreja como lugar de reflexão. Muitas igrejas pelo mundo são palcos de concertos exatamente por essa característica”. Seu olhar de curadora buscou o diálogo entre a música erudita e a cultura rural, forte em Jundiaí, especialmente na Serra do Japi. “Todos os artistas convidados tem uma carreira sólida, com trajetórias internacionais e dialogam juntos em favor do prazer em fazer e ouvir música, que é o grande mote da Escola de Música de Jundiaí”.
A maestrina Claudia Feres cresceu na Escola de Música de Jundiaí, criada por sua mãe, na garagem de casa, em 1971. Josette Silveira Mello Feres, aluna de Villa-Lobos no Rio de Janeiro nos anos 1950, juntou os filhos, primos e amigos e formou a primeira turma de musicalização. Graduada em Composição e Regência na Unicamp, fez Mestrado em Regência nos Estados Unidos.
“Cresci dentro da Escola, tendo aulas, fazendo música de câmara, tocando com os amigos. Com meus 17 anos, comecei a reger a orquestra de crianças da escola, que era regida por minha mãe. Em 2001 voltei para a EMJ assumindo a parte artística de projetos e Orquestra Jovem. Hoje divido meus trabalhos principalmente com a EMJ e a Orquestra Municipal de Jundiaí.” Embora a EMJ tenha hoje um foco para crianças de 8 meses a 12 anos, ela já iniciou importantes músicos que circulam nas principais salas de concertos, como por exemplo a Heloisa Meirelles, violoncelista que estará no festival. A própria Carla Candiotto foi aluna da EMJ.
Parceria do teatro com a música
O músico e cantor Fábio Vianna Peres, responsável pela gestão do projeto Concertos na Serra, e uma das atrações do festival, destaca a importância do encontro artístico entre ele, Claudia, Carla e Rodrigo. “A EMJ chega aos seus 50 anos com um espírito de se reinventar e o encontro com o Espaço Japi, recém-criado, proporciona o ambiente ideal para os concertos na Serra, que encontra uma joia no meio do serra, reunindo pessoas tem sua história ligada a essa região e à arte”.
Vianna comenta o reencontro da maestrina com a diretora de teatro, antigas colegas de escola, em Jundiaí. “Houve uma reaproximação das duas por meio da música.” Os caminhos se cruzaram novamente pois Claudia Feres está à frente da Orquestra Municipal de Jundiaí e Carla, diretora da cia de teatro de Jundiaí, está em Jundiaí, onde moram seus pais, desde o começo da quarentena. Vianna acredita que brotarão mais projetos interessantes desta parceria entre criativos da música e do teatro. “De um lado o desejo criativo de músicos e de outro o espírito de realizadores de Carla e Rodrigo. Nosso encontro aconteceu no momento certo e está pegando fogo”.
O que vem por aí no Espaço Japi
Sobre a programação do Espaço Japi, Rodrigo Matheus adianta que está nos planos apresentar sessões de cinema na parede externa da igreja, ao redor de um jardim de primaveras, além de atividades como cursos, oficinas de fotografia ecológica e de edição de vídeo para redes sociais e palestras, entre outros eventos, inspiradas na questão da preservação do meio ambiente e em temas importantes para a comunidade.
“Queremos programar um festival de teatro infantil, temporadas de espetáculos de nossas companhias (a Candiotto Produções e a Circo Mínimo) e de outros grupos. Em cinema, pensamos em realizar ciclos de cinema mudo, com Chaplin, Buster Keaton e O Gordo e o Magro. Além de uma série de humoristas britânicos, como Monty Python.”
As primeiras peças a serem apresentadas no local serão Simbad, o Navegante e Momo, o Senhor do Tempo, respectivamente, com os grupos de Rodrigo e Carla. Já confirmado na programação está também o festival de peças do grupo de teatro de Jundiaí, o Catarsis.
O centro cultural é um conjunto arquitetônico formado pela igreja e pelas instalações da antiga escola EMEB prof. José Flávio Martins Bonilha, ambas de propriedade da associação dos amigos dos Bairros de Santa Clara, Vargem Grande, Caguassú e Paiol Velho, na Serra do Japi, em Jundiaí. O Espaço Japi agrega ao bairro Santa Clara um dimensão cultural e artística que busca valorizar sua importância histórica e ambiental para a região do Aglomerado Urbano de Jundiaí.
1. FESTIVAL CONCERTOS NA SERRA
De 11 a 14 e março e de 18 a 21 de março.
Espaço Japi – Cultura e Meio Ambiente. Serra do Japi.
De quinta a sábado, 20h e domingo, 17h. De graça.
Transmissão online e gratuita via Youtube pelo link: https://www.youtube.com/
Foto por João Caldas